O turismo como viagem ao conhecimento
Guia de Turismo

O turismo como viagem ao conhecimento

Cada vez mais o turismo se formata como forma de viajar pelo conhecimento. A saída a campo é um formato que permite rever o papel centralizador da escola enquanto núcleo gestor dos processos formativos. A função da educação é a transmissão do saber científico historicamente acumulado pela humanidade. Mas, sabendo-se da dimensão, amplitude e complexidade, necessita-se repensar sua apropriação e aplicação na realidade vivida. Salvo exceções, o conhecimento científico nem sempre é acessível a todos, tornando a escola um espaço de referência na transmissão do mesmo. Mas somente isso não resolve, pois é necessário atores para apropriar, didatizar, e transpor o mesmo. Tão relevante quanto caracterizar o Turismo Escolar, é evidenciar o guia de turismo como elemento chave na didatização do conhecimento.

No processo conjunto de educar formado pelo tripé educador, educando e família, entra em cena uma nova figura, o guia de turismo. Na História Antiga, conforme registros referenciados em histórias de Heródoto, por volta de 440 a.C., alguns homens auxiliavam o exército a atravessar o território inimigo ou instalar-se nele. Notam-se aqui discretamente os primórdios da Geografia e do Turismo. Eles orientavam os soldados sobre acomodações, meios de transporte, suprimentos, terrenos, e informações estratégicas. Eram, em alguns casos, intérpretes, seja do ponto de vista linguístico, seja sobre percepção dos arranjos espaciais entre outros elementos estruturadores da paisagem. Intercambiavam ações entre autóctones e alóctones. Esses guias desempenhavam importantes funções semelhantes às dos atuais guias de turismo.

Hoje em dia, os guias acompanham, orientam e transmitem informações a grupos em viagens locais, regionais, nacionais e internacionais. São eles que levam os turistas a conhecerem a biodiversidade, a diversidade cultural, o comportamento, os costumes, as histórias locais e paisagens singulares de cada região, contribuindo demasiadamente para o intercâmbio, a interação e a valorização entre pessoas diferentes. Na perspectiva da renovação dos preceitos educacionais que versam para a emancipação dos alunos, os guias também atuam indiretamente com ensinamentos didático-pedagógicos, sob supervisão e acompanhamento de educadores e professores.

Para ser um profissional completo, o guia não apenas apresenta novos significados e universos, ele sensibiliza os visitantes sobre aquele lugar visitado, enunciando os horizontes do mesmo e de seus componentes e estruturas. Assim, a partir de uma historicidade do lugar e de seus habitantes, evidenciam permanências e rupturas no tempo e no espaço que permitem conscientizar a todos de que devem preservá-lo para que outros o conheçam no futuro. É a política do turismo se correlacionado ao altruísmo, através do respeito, da partilha e do compartilhamento.

Um guia obrigatoriamente se prepara para perceber, ler e interpretar ambientes diversos, evidenciando suas nuances e performances multidisciplinares. Além do conhecimento de terreno, demonstra consciência e compromisso ambiental, noções de segurança individual e coletiva, bons conhecimentos acadêmicos, além de habilidade em relações públicas. Um guia também se encontra em constante qualificação profissional, revisitando informações, conceitos e protocolos de sua área de formação, atualizando-se continuamente.

Essa é uma das poucas profissões na área do Turismo regulamentada pela Lei federal nº 8623/1993. Por isso, quem trabalha legalmente como guia teve formação em cursos e instituições de ensino regulamentadas pelo Ministério do Turismo, além de deverem apresentar os recursos de trabalho indispensáveis à ação e a documentação em dia, incluindo a credencial (crachá). No âmbito do Turismo Escolar, uma saída a campo sugere a participação de dois guias, um operacional e outro pedagógico, além de toda a equipe educadora da instituição atendida. Neste contexto destaca-se, o guia-educador e o guia-monitor, que trabalham em plena conexão e sintonia, mutuamente se desdobrando para o sucesso da vivência e experiência externas proporcionada aos alunos-turistas. Nas saídas atuais são muito comuns, as duas tipologias.

O guia-educador refere-se ao profissional legalmente habilitado em Pedagogia ou Licenciaturas Plenas em uma das áreas do conhecimento didático, em especial, biólogos, geógrafos e historiadores. São responsáveis diretos pela abordagem pedagógica, a leitura de paisagens e a contextualização geral dos temas abordados. Trabalham em plena sintonia com o educador direto dos alunos e em sintonia com o guia-monitor e motoristas.

O guia-monitor é um guia de turismo regulamentado pelo Ministério que acompanha, monitora e supervisiona as condições técnicas e operacionais da viagem no cumprimento de todos os pré-requisitos, exigências legais e protocolos oficiais indispensáveis à segurança, bem estar e comodidade dos viajantes. Presta suporte e apoio técnico aos alunos-turistas, educadores, e motoristas, estando atento e vigilante, o tempo todo a eventualidades, desafios e conflitos.

Nota-se que ambos não trabalham desarticulados, sendo que detém e compartilham um papel múltiplo, coletivo e alinhado na execução das funções turísticas e educacionais. Por último, prezam sua conduta pela atenciosidade, comunicabilidade, cuidado, diplomacia, disponibilidade, ética, fineza, impecabilidade, paciência, pontualidade, presteza, polidez e solidariedade. Assim o guia se ressignifica buscando propiciar múltiplias viagens ao conhecimento.

Vagner Luciano de Andrade – Guia de Turismo habilitado e Educador formado em Geografia (UNIBH) com Mestrado em Turismo pela Universidad Europea Del Atlántico.

 

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