Caminho de Santiago de Compostela – Setembro de 2018
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Caminho de Santiago de Compostela – Setembro de 2018

07, 08 e 09/09 – Brasil – Casa Blanca – Madri

Saímos de BH, passamos por São Paulo, Rio de Janeiro e as 23:00 do dia 07 de Setembro, embarcamos com destino a Madri, via Casa Blanca no Marrocos. Viagem longa, porém confortável e com um excelente serviço de bordo. No dia 08/09, chegamos em Madri, por volta das 18:30. Pegamos um ônibus no Aeroporto em direção a Estação Ferroviária de Atocha, com a intenção de comprar passagens para Pamplona, para segunda (11/09). Chegando a Estação, fomos informados que só poderíamos comprar as passagens, no dia seguinte. Optamos por caminhar (2 km), até o nosso albergue, para passar a nossa primeira noite em “terras hispânicas”. Rolou uma certa dificuldade, pois ainda não tínhamos acesso a Internet, mas chegamos. Após o check in, entramos no quarto e ali estava o “mundo” – uma Alemã, um Filipino, um Paquistanês e um Americano, dividindo um espaço de 16 metros quadrados. Imaginou… malas, bolsas, mochilas, línguas e culturas diferentes, tendo que se misturar!? Bom, percebi que finalmente estava no “Caminho”. Acredito que dormimos por volta da meia noite.

Acordamos as 8:30. Banho e café da manhã (bem servido e de forma gratuita – “regalo”, na minha infância, toda vez que recebia algo, dizia “regalei” – olha que já sabia palavras em Castelhano, desde de pequeno). Após o café, fomos comprar o chip de Internet e já começamos passear por Madri. Optamos por compra e uma passagem em ônibus turístico, com direito a várias subidas e descidas, para visitar alguns lugares e também para retonar a Estação Ferroviária para comprar as passagens para o nosso próximo destino. Madri é uma cidade encantadora! Prédios, Castelos, Monumentos, Praças e Jardins, de várias fases da história do mundo. Fernando, Isabel, Carlos III, Cervantes, Colombo, Dom Quixote e até Sancho Pança, fizeram parte do nosso passeio. Foi um dia inspirador! Amanhã, partimos para Pamplona.

Veja as fotos de Madri

10 e 11/09 – Madri – Pamplona – Roncesvalles – Pamplona

Ontem (10/09), deixamos a maravilhosa cidade de Madri e partimos em um trem super confortável, eficiente e veloz com destino a Pamplona. A ideia era chegar às 14:40 e em seguida, pegar um ônibus com destino a Roncesvalles (onde tínhamos que pegar as bicicletas, organizar as nossas coisas nos Alforges, tomar banho e dormir). Bom ao chegarmos em Pamplona, descobrimos que o ônibus partiria as 15:00 e não as 16:00. Pegamos uma lotação e em menos de 10′, já estávamos na Estação Rodoviária para pegar o ônibus. Chegar chegamos, mas não embarcamos – ônibus cheio! Ali mesmo na fila, conversamos com um Espanhol e decidimos compartilhar um Táxi. Chegamos em Roncesvalles, fomos direto tentar conseguir um lugar para dormir. Não conseguimos – tudo lotado. Estavam lá uns 100 Peregrinos “Nutela” – que fazem o Caminho, com apoio, sem carregar mochila e pagam os Albergues antecipadamente. O jeito foi pegar as bikes, montar, arrumar os Alforges e iniciar o “Caminho”. Em menos de 10′ já estávamos prontos. Fotos, pegamos a trilha e pedalando 7 km, ainda acostumando com as Bikes, os Alforges e principalmente com a sinalização do percurso. Rolou algumas dúvidas, fizemos algumas paradas para perguntar se tinha vagas nos hostel e albergues, até que em Espinal, apareceu uma Senhora Falante (até achei que fosse Italiana), que acabou nos ofertando uma suíte de luxo. Acabamos por aceitar, pois não tínhamos ideia do que vinha pela frente. Após o banho, encontramos um restaurante e fomos jantar o nosso primeiro Menu Peregrinos. Sentamos em uma mesa (para dois). Logo o Gerson, falou “aqui no! Perginos sentam a cá”. Lá fomos nós para uma mesa com 20 pessoas, cada uma conversando em um idioma diferente (menos português). O jeito foi conversar em Inglês, Espanhol e Portunhol, comer, rir – deu até para contar piada e descobrir que “comer brigadeiro” é um pecado Capital/Sing Capital.

Hoje (11/09), após banho e organização das mochilas, fomos tomar café… apanhamos ao tentar usar o fogão nega moderno e acabamos desistindo – até que um Senhor “Nórdico” tentou ajustar, mas não rolou comunicação (não sei se foi a língua, o humor ou a fome!). Comemos pão com jamon e iniciamos o passeio. No primeiro km, uma subida forte, nós fez parar para tirar metade das roupas do corpo. Seguimos o dia com paradas para fotos, trilhas bem técnicas, muita gente caminhando. A todo momento, rola: buen camino, buenos dias e Olá! Rola um clima de auto ajuda, torcida e muita vontade de vê algo diferente. O “Caminho” é lindo, bem estruturado, bem sinalizado e tem cada visual de tirar… Igrejas, Castelos, Ruínas e muitos Pueblos que parecem parados lá nos Séculos XV e XVI. Por volta das 14:30, depois de 37 km pedalando fomos impactados por uma Pamplona bem diferente da “Pamplona” do dia anterior (moderna). Essa a que estamos agora é totalmente medieval e o lugar é todo preparado para receber os Pereginos e Turistas. Com alguma dificuldade, acabamos encontrado um Albergue. O sistema de hospedagem é bem interessante – cada um “recebe” latifúndio, que pode ser em cima ou em baixo, de 1,5 X2,5, com um colchão, travesseiro e uma gaveta para colocar os pertences e pronto. A coisa fica parecendo umas gavetas de colocar gente! Estamos curtindo muito! Agora é dormir, que amanhã a ideia é fazer pelo menos 50 km.

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12 e 13/09 – Pamplona a Viana

Acordamos cedo, organizamos a tralha, tomamos café e quando já estávamos prontos para sair, um casal de Brasileiros de Curitiba (que já havíamos encontrado em Roncesvalles), perguntou se podia pedalar com a gente. Informamos que sim. Aguardamos um pouco e descobrimos que a Bicicleta da Mulher, estava com o Pneu Furado. Ajudamos a trocar a Câmara e partimos, deixando os dois ainda no Albergue. O primeiro trecho foi urbano (5 km) e mais um pouco já iniciamos a “subida do perdão” – trecho com pedras soltas, subidas íngremes, trilha estreita e com muitos caminhantes. Em trecho bem difícil, a Cris recebeu uma ajuda de um “Anjo” – uma senhora bem simpática com perfil francês (descobrimos mais a frente que ela é Brasileira, mas tem toda a sua linhagem familiar, Francesa). Chegamos ao Morro do Perdão, fotos, descanso e decidimos descer por uma estrada de asfalto, já que todos recomendam não descer o “perdão”, pela trilha. Na descida, rolou algumas dúvidas, nas chegamos ao próximo destino: Urtega – aqui, deixamos o Caminho é percorremos mais 2 km até a Igreja de Eunate (igreja ortogonal, século XII). A partir daqui até Puente de La Reina, o trecho foi relativamente fácil e com belos visuais – Muitas Igrejas do Século XII e XIII. Toda essa região é chamada de Navarra (Como se fosse um estado). Após passar um Puente La Reina, iniciamos uma nova subida com destino a Estella, objetivo do dia. Fizemos várias paradas para fotos, descanso e também para comer amoras (ao longo da Trilha, tem muitas). Depois da subida, seguimos em frente, passando por Zirauki, Lorca, Villatuerta. Chegamos em Estella, por volta das 16:00. Passamos por 2 albergues lotados e no terceiro, encontramos vagas. Cidade linda, centro antigo e parte nova, tudo muito bem organizado e bem preservado. Acomodação, lavar roupas, jantar e passear pela “Cidadela”. Lembram do casal de Brasileiro que ajudamos a trocar pneu pela manhã? Pois é: chegaram no mesmo Albergue. Durante o passeio na cidadela, acabamos dando tantas voltas e quase não encontramos o Albergue – só pode entrar até as 22:00. Teve que rolar um Google Maps (kkk). Na hora de dormir, tive que colocar o colchão no chão, para não incomodar o vizinho da parte de baixo do beliche.

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7° dia de passeio:

Acordamos antes 6:00. Meditação, banho “checo”, mochilas, café, organizar bike e partir. No jantar da noite anterior, combinamos com o Casal de Curitiba, de sair juntos para o pedal. Adivinha o que aconteceu? Outro pneu furado. Ajudamos a trocar e partimos as 8:10. O trecho foi bem fácil, com algumas subidas e muitos trechos planos e descidas bem rápidas. A ideia seria chegar em Logroño… mas como os nossos companheiros estavam muito lentos, optamos por para em Viana – 10 km antes do objetivo. O trecho e lindo, muitas vilas com igrejas impressionantes, campos de parreiras, milho e feno. Ah! O casal, furou mais um pneu durante o dia! Em Viana, fomos a uma missa de Corpo Presente em uma Igreja do Século XII. Bom é isso até aqui!

14 e 15/09 – De Viana a Villafranca

Na quinta (14/09), saímos (eu, Cris e já nossos amigos de Curitiba), as 7:48 para mais um dia de “Caminho”. Seguimos por um trecho em declive suave até Logrono (que seria o nosso destino do dia anterior). Mesmo na descida, os nossos amigos estavam bem lentos e assim que passamos por Logrono, eles optaram por ficar descansando mais um pouco e então decidimos nós separar. Acredito que o “Caminho” é assim mesmo, encontros, desencontros e reencontros. Deixamos o “Reino Medieval de Navarro” e entramos no Estado de Rioja – por aqui, tem muitas Parreiras carregadas de uvas. Apesar de termos aumentando um pouco a nossa média, não rendemos muito. Fizemos uma parada em Navarrete e fomos arrebatados com a Igreja Matriz do Século XII. Está igreja recebeu decoração barroca em meados do século XVII. Seguimos mais um pouco e paramos para fazer um lanche em Ventosa – 500 metros fora do Caminho. Neste momento, apareceu um Espanhol (que já tínhamos encontrado na entrada e no Albergue de Viana), que já fez o Caminho 19 vezes, mas nunca tinha ido em Ventosa, que fica no alto de um morro, nos disse: “não deixe de ir a Finesterre e chegue em Santiago a tempo de assistir a Missa do Peregrino”. Fiquei pensando… será que Santiago está nós mostrando algo? Deste ponto até Nájera, foi bem tranquilo. Chegando em Nájera, sentimos que o melhor seria continuar mais pouco. Acabamos de subir um aclive e decidimos que já estava tínhamos pedalando um tanto bom e optamos por dormir em Azofra. O Albergue era bom, ficamos no quarto com mais 2 senhoras francesas, compramos comida semi pronta e fomos conhecer a vila. O “Trem” aqui é o seguinte: ou você come algo até as 14:00 ou depois das 19:00. Os “caras” aqui na Espanha, não “funcionam” de 14:00 até as 17, 18, 19 horas – acho que devemos aprender com eles (kkk). Para todo mundo, cliente, lojistas, cachorros, gatos e até passarinho. Regressamos ao Albergue para dormir. Noite estranha – apareceu um “uga uga” no nosso quarto e qualquer movimento o cara reclamava. Dormimos!

No dia 15/09, acordamos as 5:00, meditarmos e já iniciamos a organização das mochilas. Lembra do “uga uga” – de manhã, ele bateu a porta umas trocentas vezes, demostrando que não gostou dos nossos barulhos. Ele até tentou conversar comigo, mas como não falo “uga uga”, não dei a mínima.
Todo pronto, café da manhã, ainda escuro, partimos para mais um dia, desta vez no nosso ritmo, na nossa toada. Passamos por: Cirueña, Santo Domingo de La Calzada (lugar religioso, muitas igrejas, Conventos e tem até um hotel que já foi seminário). A partir daqui, pegamos um trecho de subidas e descidas suaves, passando por Vilas bem simples e pequenas com construções básicas e templos religiosos bem parcos – as magníficas construções do Reino de Navarro, não se repete nesta região da Espanha. Pedalamos 54 km e paramos as 14:00, em um antigo Hospital de Peregrinos, que agora é Albergue em Villafranca. Almoçamos bem, conhecemos a Vila, conferimos o início da Trilha de amanhã e terminamos o dia, assistindo os moradores locais (se tiver 50 casas é muito), jogando e apostando, no Adro da Igreja, um jogo que não sei nome, que se consiste em arremessar um disco de prata com o objetivo de derrubar uma pequena torre de madeira de uns 15 centímetros. Tem até juiz e banca de apostas. É isso, amanhã tem mais!

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16/09 – Villafranca a Burgos

Hoje (16/09), pedalamos 40 km entre Villafranca e Burgos. Acordamos cedo, banho, meditação, organização da tralha, tomando cuidado para não incomodar os outros Peregrinos – no quarto tinham 18 camas. Tudo muito bem organizado e uma estrutura muito boa (banheiros, lugar para lavar e secar as roupas, armários, lugar para colocar os calçados, restaurante…), com um preço super justo. Saímos as 7:20 e já iniciamos o dia com 3 km de subida por uma trilha bem técnica. Depois de 1 km descendo, pegamos outro trecho de subida por entre uma região de muitos pinheiros. Depois, descemos 6 km até chegarmos ao Monastério “medieval” de San Juan de Ortega. Durante todo a manhã, foi um misto de frio e calor (tira blusa, colocar corta vento, frio nas mãos, óculos embaçando, mosquitos…). Paramos em Agés – lugar simples bem organizado e com uma boa estrutura. Tomei um café com croissant em um lugarzinho… o casal que atende os clientes é uma graça… tudo uma delícia. Seguimos até Atapuerca e pegamos um trecho de 2 km de subida + 1 de descida, que não recomendo a ninguém. Muitas pedras, subidas técnicas, risco de cortar ou fura o pneu e até mesmo cair. Depois, ate Burgos, seguimos por uma sequência de planos e descidas suaves, passando por Riopico, Villafria e Gamonal. Entramos em Burgos, passando um parque – hoje é domingo e estava lotado de pessoas, praticando esportes. Chegamos ao centro histórico, por volta das 11:30 e optamos por dormir em um hotel (suíte com cama de casal e banheiro). O dia não foi longo mais devido as subidas técnicas, acabamos ficando muito cansados. Nos acomodamos e fomos comer o “Menu Peregrino” do dia, o mais próximo possível da “Fenomenal” Catedral Gótica de Burgos. Almoçamos com calma e em seguida, fomos conhecer o templo. A estrutura, o tamanho e a quantidade de detalhes, deixam a gente boquiaberto. A Catedral de Burgos é dedicada à Virgem Maria. Sua construção começou em 1221, seguindo os padrões góticos franceses, mas também segue a tradição germânica, especialmente nas agulhas de pedra perfuradas e ornamentação geométrica. Nos séculos XVII e XVIII, recebeu ornamentos e decoração barroca, em algumas capelas – confesso que perdi a conta de quantas são. Passeamos mais um pouco pelo Centro Histórico e fomos descansar. A noite, fomos fazer um lanche na Praça principal e nos deparamos com uma enormidade de pessoas, de todas as idades (moradores), curtindo a vida noturna da cidade e pasmem – nunca tinha visto tantas pessoas acima de 70, 80 anos, comendo e bebendo pelos bares, lanchonetes e cafés do Centro. Conclusão, a turma está curtindo a vida intensamente! Após o lanche, voltamos para o Hotel. Amanhã, tem mais! Destino? Ainda não sabemos.

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17 e 18/09 – Burgos – Frómista – El Burgo Ranero

O Caminho é para ser feito em um dia de cada vez! Iniciamos o dia de ontem (17/09) com uma expectativa de fazer apenas 12 km – a Cristina Pinto, minha linda e amada esposa, dormiu com muitas dores e se sentindo mal – cansaço, emoção, alimentação, energias…

Aos poucos o pedal rendeu e no km 10, paramos para tomar um café (Tortilhas, Croissant e Bananas). Neste trecho até Fromista, a paisagem é muito parecida – Campos e mais Campos de Feno, Girassóis e muitas Vilas com Igrejas Medievais, algumas apenas as ruínas, outras bem preservadas, mas percebe-se que há muitas influências na arquitetura e na decoração (árabe, românica e barroco). Foi um dia bem tranquilo, sem muitos sobressaltos. De pouco em pouco, acabamos pedalando 70 km.

Hoje (18/09), acordamos bem dispostos e decididos a fazer 3 etapas de aproximadamente, 2o km em cada uma delas. O trecho, muito parecido com o do dia anterior, porém um pouco mais humilde em termos de arquitetura. Encontramos alguns brasileiros – ficamos sabendo que agora, tem pouco brasileiros caminhando. Outrora, já teve muito mais… porque será?
O dia foi um pouco mais frio e demoramos um pouco mais para tirar as blusas do corpo. Paramos em Sahagún para fazer uma geral nas bikes (lavar e passar um óleo na corrente) e almoçar. Após essa parada, decidimos pedalar + 12 km. Acabamos pedalando + 20 e fechamos o dia com 80 km. Sempre que chegamos as Cidades ou Vilas, rola uma certa logística de procurar albergue, registrar, tomar banho, lavar roupas e procurar algo para comer, comprar o lanche do dia seguinte e voltar para o Albergue, para organizar as tralhas para o dia seguinte. Como aqui os horários de abertura do comercio são diferentes em cada região, sempre ficamos um pouco perdidos. Mas no geral, de 14:30 até as 18:00, tá tudo fechado. Estamos agora em Él Burgos Ranero e já passamos da metade do Caminho. Amanhã, vamos para Leon – uma das maiores cidades do Caminho. Até breve!

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19 e 20/09 – El Burgo Ranero – Leon – Astorga

No 9° dia (19/09) de passeio acordamos cedo, tomamos um bom café da manhã e por volta das 8:00, iniciamos o nosso passeio em direção a Leon. Esse dia foi bem tranquilo. Pegamos trechos planos, algumas subidas e poucas descidas, apesar de ter a impressão que nos só descemos. Como a trilha do Caminho, segue margeando uma estrada de Asfalto (carreteira provincial), com pouco ou quase nenhum movimento, optamos por seguir pelo asfalto, excetuando quando o Caminho, afastava do estrada – nestes momentos, voltávamos para a Trilha. O trecho tem bastante sol, plantações intermináveis de Milho e aqui, quero fazer uma observação: não tem nenhum metro de terra desperdiçado. Os caras plantam milho, girassol, macieiras, feno e outras culturas em uma terra ruim, com muito cascalho e ph, totalmente ácido. Tem canal de irrigação para todo lado. Mesmo assim, aqui, “irrigando, tudo dá”.
Chegamos em Leon, as 11:30 (pedalamos apenas 40 km).
Fomos passear pela cidade, almoçar e depois descansamos um pouco. Mais tarde fomos a Missa no próprio Albergue – esse um pouco mais caro, mas o melhor de todos até agora. Até a roupas eles levam. Após a missa encontramos o casal de Brasileiros de Curitiba, passeamos mais um pouco pelo Centro Histórico e fomos dormir.

Hoje (20/09), decidimos pedalar juntos com os Brasileiros, rumo a Astorga. Pedalamos 52 km. Como no dia anterior, o Caminho, Segue margeando uma estrada com muito movimento de caminhões. Usamos a mesma estratégia, optamos por seguir pelo asfalto, salvo os momentos que a trilha “fugia” para longe da rodovia. Fizemos paradas para lanche, pegar água nas fontes e uma parada maior em Hospital de Órbigos, que tem uma ponte medieval, considerada a maior de toda a região – neste local, fiz uma parada técnica para trocar um dos Alforges (bolsa que fica nas laterais da bike), pois o meu quebrou no 8° dia de pedal. Chegamos a Astorga… albergue, carimbo, banho, lavar roupas, ajustes na bike…
Fomos almoçar e na Praça principal, aos poucos, fomos encontrando vários brasileiros, que também estão percorrendo o Caminho. Alguns a pé outros de bike, outros fazendo somente uma parte, com mochila, sem mochila (Boa parte despacha a mochila para o próximo albergue). Encontramos aqui no Albergue uma brasileira, que caminhou até Burgos, “saltou” uma parte de ônibus e reiniciou em Leon. O importante é está no Caminho. Após o almoço, fomos passear pela cidade de Astorga – Linda! Tem muros do Século IV, Igrejas Góticas do Século XI e XII e até um “Castelo” feito pelo Gênio Catalão, Gaudi. Aqui também tem várias fábricas de chocolates. Amanhã, iniciamos a etapa, considerada a mais difícil por todos: a subida em direção ao “temido” Cebreiro. A ideia é fazer em duas etapas – Astorga a Ponferrada (50 km) e depois Ponferrada até o Cebreiro (50 km). Agora é descansar!

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21, 22 e 23/09 – Astorga – Ponferrada – Vega de Valcarce – Bardadelo

Saímos (21/09), de Astorga as 7:30, sendo agora 5 brasileiros – a Débora que encontramos no Albergue, se juntou ao nosso grupinho. Objetivo do dia: a Cruz de Ferro, considerado por muitos peregrinos, um dos locais mais difíceis do Caminho. Seguimos passando por algumas vilas e iniciamos a subida alternando entre trilhas e asfalto. Fizemos uma parada em Foncebadón (1,5 km antes da Cruz de Ferro), para fazer um lanche e hidratar. Mais um pouco de subida e chegamos na Cruz de Ferro – neste local, cada peregrino, deixa uma pedra, faz orações, renova energias e deixa aos pés da Cruz, as “coisas e os trens” que internamente não quer mais carregar. Em seguida, iniciamos uma grande descida (15 km) até Molinaseca – lindo e charmoso lugar. Mais um pouco de pedalada e chegamos em Ponferrada. Quando chegamos, rolou uma certa dúvida e acabamos quase deixando a cidade para trás. Retornamos 2 km, encontramos um Albergue (na descida, acabamos nos separando dos amigos e ficamos em Albergues diferentes). Depois mais tarde, nós encontramos para jantar. Visitamos um Castelo Medieval dos Templários, fotos e retornamos ao Albergue para descansar e preparar para a próxima etapa.

As 7:30 (22/09), partimos em direção ao “pé do Cebreiro” – Vega de Valcarce. Foi um trecho bem tranquilo, plano, passando por Vilas e Cidades bem estruturadas. Fizemos uma longa pausa para almoçar e seguimos para o nosso destino. Chegando em Vega de Valcarce, a bike do nosso amigo, Campos, solta a roda e entorta o disco de freio. Tentamos arrumar, um outro Brasileiro que estava passando nos ajudou e o diagnóstico foi: fazer a troca. Chegamos ao Albergue, registro, carimbo, ajeitar as coisas. Rapidamente o dono do Albergue (Lalo) – que mais parece um Brasileiro, arrumou um táxi para que o Campos fosse em uma cidade maior, arrumar a bike. Almoçamos, banho, descanso… O Lalo é uma figura: misturou franceses, italianos e brasileiros e fez uma farra no Albergue. A noite ele nos levou, de carro, em um bar alternativo – como não cabia todos em 1 carro, ele arrumou 2, sendo que o Campos foi dirigindo 1. O bar ficava a 8 km do Albergue. Lugar muito diferente, quase uma comunidade! Na volta, como o Campos, bebeu, tive que dirigir – uma Toyota com uns 20 anos de uso ou mais, com “ferias” no volante, câmbio manual, em uma estrada que não passa dois carros… foi até divertido! Chegamos e fomos dormir!

Ontém (23/09), tomamos café na Panaderia da Blanca (amiga de uma colega de trabalho – Cristina Vaz Fernandes) e iniciamos a subida do Cebreiro. Seguimos as setas indicadas para os Ciclistas e em menos de 2 horas, “vencemos” os 12 km do tão “temido”. Paramos no alto do Cebreiro, lanchamos e fomos assistir a Missa. Como era domingo, apareceu gente de todo lado e a igreja estava lotada.
Segundo os guias, mapas e aplicativos, agora era só relaxar, colocar a bike na banguela e curtir o visual… mas nada disso, ainda teve muita subida! Na minha opinião, o dia mais bonito de todos em termos de estradas, trilhas e caminhos. As Trilhas de ontem foram fantásticas, com descidas e subidas suaves, vegetação nativa e muitas árvores. As vilas desta província (estamos na Galícia) são simples, mais pobres e compostas de pequenas fazendas de subsistência. O foco é o gado de leite.
No total fizemos neste dia, 64 km e no nosso caso, os últimos 13 empurrando ou banguela. A Bike da Cris, arrebentou a corrente, quando estávamos na trilha. Como não tinha solução, o jeito foi chegar no Albergue. Deu tudo certo, chegamos bem cansados, jantamos, “banhamos” e fomos dormir.

Hoje (24/09), optamos por acordar mais tarde, para pode esperar o comércio abrir (as 10:00), para então arrumar a bike e prosseguir o nosso Caminho.

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24 e 25/09 – Berolado – Palas De Rei – Pedroza (14° e 15° dias de pedal)

Ontem (24/09), acordamos um pouco mais tarde, tomamos café no Albergue e ficamos aguardando o nosso “socorro”. O táxi chegou por volta das 10:00, coloquei a bike da Cris dentro do carro e seguimos até Sarria para arrumar a corrente. Tudo foi muito rápido e as 10:30, já retornei a albergue com a bike em ponto de bala.
Alforges na bike e as 10:45, partimos em direção ao nosso próximo destino – Palas De Rei. A Cris, deixou o óculos cair e tivemos que voltar até o Albergue para procurar. Algum anjo pegou do chão e colocou em cima de “pau de cerca” e salvou a “lavoura”. Óculos no rosto e as 11:20, partimos “de novo”. Os nossos companheiros, partiram as 8:00 da manhã.
A partir deste ponto (110 km de Santiago), muitas excursões, escolas, pessoas que não querem ou não tem disposição para percorrer todo o Caminho, iniciaram a sua “peregrinação” – existem uma regra: caso você percorra 100 km, caminhando, ja tem direito a Compostela e é considerado um Peregrino. Então, a trilha estava lotada! Bike elétrica, cavalos, escolas, grupos de melhor idade, gente praticando corrida…acredito que passamos / ultrapassamos umas 600 pessoas.
O trecho neste ponto é todo em trilha, dentro de uma mata de eucaliptos nativos, pinheiros e muitas árvores frutíferas. As vilas são simples e comuns, em algumas fazendas vimos umas construções, que se parecem com um Mausoléu – descobrimos mais tarde, que são usados para secar milho e também para serenar carnes (risos).
Depois de muita correria, ultrapassamos “quase” todas as 600 pessoas, fizemos uma parada para almoçar.
A partir daqui, subimos um trecho bem duro, mas depois foram praticamente, 6 km de descidas até o destino do dia.

Hoje (25/09), acordamos cedo, meditamos, café da manhã e partimos. Já na “largada”, senti as pernas bem cansadas.
A altimetria, indicava que o dia não seria muito fácil! Mas, bora lá! Só falta mais duas etapas até Santiago. Apesar do sobe e desce, as dores nas pernas e a quantidade de gente no percurso, o fato do Caminho ser em trilha, ajudou muito. Pedalamos rápidos, fizemos poucas paradas e por volta das 14:00, vencemos os quase 50 km do dia. Agora, estamos em Pedroza e amanhã, seguimos por mais 19 km até o Ápice do nosso Caminho: A Catedral de Santiago de Compostela.

Fotos desse trecho

26/09 – Ultimo trecho do Caminho – Chegada a Santiago de Compostela

Então! Hoje (26/09), 16° dia de pedal, acordamos e saímos ainda de madrugada com destino ao objetivo “final”!
Muita gente na trilha, muito frio, mas muita emoção, tomou conta de mim, nestes quilômetros finais – afinal, só 19 km nós separavam da nossa meta. Rapidamente vencemos as primeiras subidas e por volta das 9:30, chegamos ao local onde o Papa João Paulo II, celebrou uma missa campal. Deste ponto, avistamos a Catedral de Santiago. Descemos até o Centro Histórico e há poucos metros da Chegada, rolou um misto de ansiedade, nervosismo e emoção!

CHEGAMOS!

Fotos, abraços, confraternização com os amigos feitos durante o Caminho e com outros peregrinos de todas as partes do mundo, que também estavam completando essa jornada!

Seguimos para a Oficina de Turismo, fila, Credencial, Compostela, Certificado de Conclusão…

Em seguida, fomos para a Missa, na expectativa de ao final, ver o “botafumeiro” em ação! Foi um show!

Concluímos essa etapa, mas decidimos que ainda vamos pedalar + três dias até o “Finesterre” – o fim do Mundo nos tempos medievais.

Amanhã tem mais pedal!

Fotos da Chegada em Santiago de Compostela

27 a 29/09 – Até o Fim da Terra – Santiago de Compostela até o Finesterre

Depois que chegamos em Santiago, ficou faltando alguma coisa… então sentimos que o nosso Caminho, ainda não estava concluído…

No dia 27/09, as 7:30 da manhã, ainda escuro, pegamos a trilha em direção a Muxia. A trilha é um show, com subidas e descidas constantes, as vilas são mais simples e com a economia focada na produção do leite – o “cheiro de curral” nos seguiu por quase todo trecho. Encontramos Padaria e Supermercado ambulante – o caminhão vai nas portas das casas e vende de tudo (pão, frutas, produtos de limpeza…). Depois de 54 km, dormimos em Olvieiroa (albergue, lavar roupas, comer e descansar).

No dia 28/09, deixamos o albergue com destino a Muxia e ao encontro com uma das extremidades Oeste do Continente Europeu. Aos poucos sentimos o barulho do mar e depois de algumas subidas e descidas, vimos o Atlântico. Neblina, pouco Sol e frio, nos acompanhou a maior parte da manhã. A trilha foi outro show! Em Muxia, subimos o Morro de Pedras que fica no final de península, visitamos o Farol e a Igreja de Nossa Senhora da Barca – esses três atrativos, marcam um dos extremos do Velho Continente. O resto da tarde e o início da noite, resolvemos dá um repouso para o corpo.

As 8:00 do dia 29/09, partimos para o “Ápice” – o “gran finale” – chegar no “fim da terra”. Muitas subidas, vilas com pouco estrutura nos separavam do nosso objetivo. O pedal foi rápido, fizemos poucas paradas – estava fazendo muito frio. Por volta das 11:20, depois de 32 km, chegamos a Finesterre. Uma cidade agitada, turistas saindo pelo “ladrão”, uma infinidade de carros chiques e peregrinos chegando de todas as formas (a pé, de bike, com cachorro, com e sem mochila, de carro… Uma confusão! Organizamos as ideias, compramos passagens de ônibus para Santiago e ficamos sabendo que ainda tínhamos mais 2,5 km de subida para chegar ao nosso objetivo. Frio, corpo cansado, pernas doendo, o bumbum então… (risos)! Mas a vontade de concluir foi maior. Subimos na Bike, pedalamos e CHEGAMOS! Neblina, barulho do mar, a água batendo nas pedras… tentei imaginar qual foi a impressão de quem chegava aqui, antes de saber que a Terra era REDONDA. Não tem outra expressão melhor: FIM DA TERRA! Finesterre ou Finsterre. Com o sentimento de Conclusão desta etapa, retornamos a Santiago.

Em tempo: rolou um estress! Entregar a bike, organizar as mochilas e conseguir um lugar para dormir. Não conseguimos hospedagem em Santiago (Peregrinos, Festa de Nossa Senhora da Barca, Casamento e muitos, mas muitos turistas, lotou todos os albergues, pensões e hotéis da cidade. Tivemos que pegar um táxi e dormir em um Pueblo – Pedrozo, 19 km antes.

No final deu tudo certo e hoje (30/09), retornamos a Santiago, assistimos a Missa do Peregrino e embarcamos no Ônibus, com destino a Braga, em Portugal.

Fotos do Caminho até o “Fim da Terra”

Então! Depois de 19 dias pedalando na Espanha, viemos fazer um pouco de Turismo “normal” e cultural em Portugal. Saímos de Santiago de Compostela com destino a Braga – objetivo principal, conhecer o Santuário de Bom Jesus. Logo na chegada a Braga, percebemos as diferenças culturais, gastronômicas e de comportamento. A cidade de Braga é linda, tem muitos bares e a comida é mais parecida com a do Brasil. A cultura também é parecida e dá para perceber claramente as nossas origens em tudo até em algumas palavras – “bucadinho” é uma delas! Braga tem 2 mil anos de história e é uma cidade extremamente religiosa. Conhecemos o Santuário, passamos pela centro histórico e comemos Castanhas Portuguesas. Em seguida passamos 3 dias em Porto – com certeza a cidade com maior número de atrativos para vê e visitar em Portugal – Rio, Pontes, Bondes, Museus, Igrejas com mais de 1500 azulejos, bares, cafeterias e muitos vinhedos. Atravessando o Rio Douro, por uma ponte que foi construída por Gustavo Eiffel, está a Vila Nova de Gaia. Como já estávamos com saudades da Bike, arrumamos 2 emprestadas e fomos conhecer o encontro do Rio com o Mar e as Praias dessa antiga vila de pescadores – hoje um lugar bem organizado para quem gosta de curtir o Mar e boas barracas de praia. Hoje (05/10), deixamos Porto, conhecemos o Santuário de Fátima e a sua história e chegamos em Lisboa. A partir de amanhar, vamos desvendar a Capital Lusitana.

Fotos de Braga, Porto e Fátima

06 a 10 de outubro de 2018 – Portugal – Lisboa

Fechando os nossos últimos dias de Férias pelas terras portuguesas, conhecemos Lisboa e o seu entorno. Usamos o excelente sistema de transporte coletivo da Capital de Portugal e fomos aos principais atrativos – Castelos, Igrejas, Torre de Belém, Aquário, Sintra, Mercado e muita pastelaria. Acho que devo ter comido, uns 50 pastéis de nata (risos). No dia 10, embarcamos de volta ao Brasil, fechando assim uma experiência maravilhosa no velho continente.

Fotos de Lisboa e o seu entorno

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